terça-feira, 31 de maio de 2011

Metamidofós - retirada programada

Ultimamente a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) tem atuado mais intensamente na proibição da produção e comercialização de agrotóxicos com princípios ativos banidos em outros países. O último caso refere-se ao METAMIDOFÓS, que terá sua comercialização suspensa em 31 de dezembro de 2011, conforme Resolução 01, de 14 de janeiro de 2011. O Metamidofós é um organofosforado muito utilizado na agricultura nacional, porém já foi banido de vários países, como União Europeia, China, Indonésia, Costa do Marfim, Samoa, Paquistão e Japão, principalmente devido aos seus efeitos neurotóxicos.


Existem vários princípios ativos alternativos ao uso do metamidofós, porém em muitos casos será necessário que a aplicação seja realizada no início da infestação, obrigando aos agricultores e agrônomos a monitorar as propriedades com mais frequência e, consequentemente, profissionalizando a atividade.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Senado aprova dois anos para início da produção após registro de novos produtos

Matéria publicada no "Informativo PR Cooperativas", retransmitida da Confederação Nacional da Agricultura, chama a atenção para a exigência prevista em Lei de que as empresas que registram produtos agrotóxicos no Brasil, iniciem a produção e comercialização dois anos após o registro dos produtos. Essa medida visa basicamente evitar que as empresas registrem produtos apenas para se valorizaram e não efetivamente colocar produtos no mercado que poderiam aumentar a competitividade.

A Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado Federal aprovou, na última quarta-feira (24/05), o Projeto de Lei do Senado (PLS) 88/11, que estabelece prazo de dois anos para o início da produção e comercialização de novos agrotóxicos no Brasil após o registro dos produtos. O objetivo da proposta, de autoria da presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), senadora Kátia Abreu, é alterar a legislação vigente, que não define prazos para a fabricação e a venda destes insumos. A matéria também prevê a suspensão do registro caso a fabricação e a venda não comece no período definido pelo projeto.

Concentração - Ao defender a proposta, a senadora Kátia Abreu alega haver alta concentração no segmento, prejudicando a ampliação da concorrência. Ela defende a oferta de mais defensivos no mercado para baratear os custos de produção da atividade rural. "Muitas empresas que registram seus produtos se preocupam apenas em aumentar o seu valor comercial. Não estão interessadas em colocar o produto no mercado. O registro serve mais para compor o ativo patrimonial do que para incrementar a concorrência", justifica a presidente da CNA. A relatora do PLS na CAS foi a senadora Ana Amélia (PP-RS), que encaminhou parecer favorável à matéria.

Custos de produção - Na avaliação da presidente da CNA, a baixa disponibilidade de produtos comercializados é um dos vários problemas enfrentados pelos produtores rurais em relação aos insumos, que estão entre os itens que mais pesam nos custos de produção da agricultura. A senadora Kátia Abreu afirma que as seis maiores empresas de agrotóxicos no País, controlam 85% do mercado. O Brasil hoje responde por 16% do mercado mundial, movimentando cerca de US$ 7,2 bilhões.

Tramitação - O PLS está agora na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) do Senado, onde será relatada pelo senador Acir Gurgacz (PDT-RO). A matéria será analisada em decisão terminativa, ou seja, se aprovada na CRA, não precisará ser votada em Plenário e será encaminhada diretamente à Câmara dos Deputados.

Paraná quer modernizar Lei Estadual de Agrotóxicos

Importante notícia publicada no Guaranotícias de Guarapuava/PR que trata de revisão e modernização da Lei Estadual de Agrotóxicos do Paraná, no sentido de permitir aos agricultores paranaenses o acesso a determinados produtos usados no cultivo de lavouras que tradicionalmente não recebem o registro de produtos no estado.

O secretário da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, assinou nesta sexta-feira (27), em Paranavaí, uma resolução que determina a revisão e a modernização da Lei Estadual dos Agrotóxicos, em vigor desde 1983. Será proposta a mudança dos procedimentos para o cadastramento de agrotóxicos no Paraná, o que vai facilitar a compra desses produtos principalmente pelos produtores de mandioca, frutas e arroz. O assunto será analisado por um grupo de trabalho que deverá apresentar uma proposta até o dia 11 de julho.
A resolução foi assinada durante encontro de produtores rurais e indústrias do segmento mandioqueiro com o governador Beto Richa. Segundo Ortigara, o documento abre para os produtores do segmento a oportunidade de acompanhar o avanço da tecnologia em agrotóxicos para lavouras.
Atualmente, muitos agrotóxicos disponíveis no mercado não podem ser vendidos no Paraná por falta de um segundo cadastro dos produtos, exigida pela Lei Estadual de Agrotóxicos. Com isso, os produtores perdem competitividade em relação à produção de outros estados ou então acabam por incorrer em irregularidades, como a utilização indevida de receituário agronômico, aplicando em um produto agrotóxico indicado para outro.
De acordo com Ortigara, as indústrias evitam arcar com os custos de um segundo registro no Paraná, uma vez que já investiram para fazer o registro exigido pela lei federal. A lei federal determina que, para aprovação dos agroquímicos, eles devem ser submetidos ao crivo dos ministérios da Agricultura, Saúde e Meio Ambiente, que fazem as análises dos produtos.
O grupo de trabalho instituído pela Secretaria da Agricultura é constituído por representantes de órgãos públicos – como Embrapa, Iapar, Emater, Departamento de Fiscalização e da Sanidade Agropecuária (Defis), universidades – e privados, como sindicatos de produtores e cooperativas. Segundo Ortigara, até o dia 11 de julho o grupo deverá apresentar uma proposta para mudar os procedimentos do cadastramento.
Ortigara garantiu que a modernização da lei dos agrotóxicos não mudará o cadastramento dos produtos exigidos no Estado. A intenção é redirecionar o foco da legislação para o agricultor e os procedimentos de aplicação. “Vamos rever a legislação para que o produtor faça a dosagem adequada, observe as carências do produto conforme recomendam as indústrias, faça a regulagem adequada nos bicos pulverizadores. São procedimentos que darão mais garantia ao produtor na aplicação dos produtos e evitarão excessos”, justificou.
De acordo com o secretário, ao alterar o sistema de cadastramento a lei também contribuirá para evitar o contrabando de agrotóxicos, que aumentou muito nos últimos anos.
Para Ortigara, a lei paranaense de agrotóxicos é uma uma das mais avançadas do País e foi referência para outros estados brasileiros. A legislação contribuiu para eliminar do mercado agrotóxicos com fórmulas à base de pó, que prejudicavam produtores, lavouras e o meio ambiente.
“Passados quase 30 anos de sua promulgação, a lei precisa passar por ajustes para se adequar novamente aos avanços da tecnologia, pois já existem produtos mais modernos e eficientes que devem ser utilizados em pequenas dosagens e causam menor impacto ao meio ambiente”, esclareceu.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

REGISTRO DE AGROQUIMICOS PARA ORGÂNICOS SERÁ DIFERENCIADO

Achei bem interessante a reportagem de Safras & Mercado, publicada em 25/05/2011, que trata das particularidades que um fabricante deverá seguir para o registro de produtos fitossanitários voltados à agricultura orgânica. É um tema que envolve bastante discussão e agora recebeu uma instrução normativa específica. Leia a íntegra:

O registro para comercialização de insumos utilizados na prevenção e controle de pragas e doenças da agricultura orgânica - produtos fitossanitários - terá critérios específicos, diferentes dos convencionais. A medida foi estabelecida pela Instrução Normativa Conjunta n 1, publicada hoje, no Diário Oficial da União. Assinam a norma o Ministério da Agricultura, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). "Os produtos orgânicos serão analisados separadamente dos convencionais. Com isso, espera-se que o trâmite de análise seja mais rápido e o produtor obtenha o registro em prazo mais curto", explica a Chefe de Serviço de Estudos Normativos de Produção Orgânica do Ministério da Agricultura, Tereza Cristina de Oliveira Saminêz. "Para iniciar o processo, basta o produtor preencher o formulário e entregar em uma das Comissões da Produção Orgânica nas Unidades da Federação", afirma O fabricante deve solicitar "o estabelecimento de especificação de referência" do insumo criado para, depois, obter autorização para comercialização. O produto fitossanitário deverá conter apenas substâncias autorizadas pelo Ministério da Agricultura, definidas pela Instrução Normativa n 64/2008. Para solicitar o estabelecimento de especificação de referência, é necessário preencher e assinar o formulário de solicitação e encaminhá-lo a qualquer Comissão da Produção Orgânica. O endereço das comissões está disponível no site www.agricultura.gov.br/desenvolvimento-sustentavel/organicos. As características, formulação e indicação de uso do produto deverão ser informadas na ficha. As comissões são formadas por representantes dos setores público e privado, que analisam os estudos apresentados. As solicitações aprovadas nas Comissões serão encaminhadas à Coordenação de Agroecologia do Ministério da Agricultura que, juntamente com os órgãos públicos responsáveis pelo registro, vai analisar a solicitação e, se necessário, pedir informações complementares. Na semana dos produtos orgânicos, que acontece entre 29 de maio e 5 de junho, está prevista a publicação de Instrução Normativa com os estabelecimentos de especificações já analisadas e aprovadas pelo ministério. Com base nesta publicação, o interessado deverá protocolar pedido no Ministério da Agricultura, Anvisa e Ibama para conseguir o registro. Depois de analisado e aprovado, deverá ser colocada na embalagem uma faixa branca com as letras em preto no rótulo e na bula informando: "produto fitossanitário com o uso aprovado para a agricultura orgânica". Esta será a garantia tanto para o comerciante, quanto para o consumidor de que o produto é testado e aprovado pelo governo federal. As informações são do Mapa. A 7ª Semana dos Alimentos Orgânicos no Brasil chama a atenção para as formas de identificação do produto orgânico: o selo brasileiro oficial e a declaração de cadastro do agricultor familiar. O evento é organizado regionalmente, pelas Superintendências Federais de Agricultura nas unidades da federação. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento é responsável pela articulação nacional entre as regiões e as instituições governamentais e privadas envolvidas. Hoje, existem 9.700 produtores orgânicos cadastrados no Ministério da Agricultura. (por Guilherme Araújo)

terça-feira, 17 de maio de 2011

Atualização Receita Agrowin - abril / 2011


No mês de abril vários produtos foram alterados no Receita Agrowin. Abaixo constam as alterações realizadas.

- Baytan SC: Conferido via nova bula. Alteradas frases de recomendação.

- Butiron: Conferido via nova bula. Alteradas frases de recomendação.

- Cipermetrina Nortox 250 EC: Conferido via nova bula. Extensão de uso para Alabama argillaceae, Heliothis virescens e Pectinophora gossypiella em algodão e para as culturas de arroz, batata, citros, feijão, mandioca e tomate. Alteradas frases de recomendação.

- Clorimuron Master Nortox: Conferido via nova bula. Extensão de uso para as culturas de eucalipto e pinus. Alteradas frases de recomendação.

- Dimetoato 500 EC Nortox: Conferido via nova bula. Extensão de uso para Diabrotica speciosa e Myzus persicae em tomate. Alteradas frases de recomendação.

- Dipel: Conferido via nova bula. Alteradas frases de recomendação.

- Endosulfan 350 EC Milenia: Conferido via nova bula. Alteradas frases de recomendação.

- Finale: Conferido via nova bula. Alteradas frases de recomendação.

- Galop: Conferido via nova bula. Alteradas frases de recomendação.

- Herbimix SC: Conferido via nova bula. Alteradas frases de recomendação.

- Impact Duo: Conferido via nova bula. Extensão de uso para Ramularia areola em algodão, Cercospora coffeicola e Hemileia vastatrix em café e Phaeoisariopsis griseola em feijão. Alteradas frases de recomendação.

- Naja: Conferido via nova bula. Alterada Classificação Toxicológica para I – Extremamente Tóxico. Alteradas frases de recomendação.

- Nativo: Conferido via nova bula. Extensão de uso para Phakopsora gossypii em algodão, Tilletia barclayana em arroz, Cercospora zeae-maydis em milho e Corynespora cassiicola em soja. Alteradas frases de recomendação.

- Quatermon: Conferido via nova bula. Alteradas frases de recomendação.

- Thionex 350 EC: Conferido via nova bula. Alteradas frases de recomendação.

- Warrant 700 WG: Conferido via nova bula. Extensão de uso para Leucoptera coffeella em café, Mahanarva fimbriolata em cana de açúcar e Cornitermes bequaerti e Syntermes molestus em eucalipto. Alteradas frases.

Agrotóxico genérico visa produtos chineses

Achei interessante essa matéria publicada no DCI - Diário do Comércio & Indústria, que mostra a mobilização da AENDA, associação que reúne os fabricantes de produtos agrotóxicos genéricos do país, pela regulação da entrada, fabricação e comercialização de produtos que vem de fora do país, principalmete da China.


As gigantes do setor de agroquímicos no Brasil ganharam um importante aliado na briga contra a chegada dos agrotóxicos genéricos ilegais ao País, principalmente os oriundos da China. O projeto de lei do senado aprovado na última quinta-feira (12), PLS 190/2010, que estabelece regras para o registro dos agrotóxicos genéricos, sua fabricação e comercialização no Brasil, atende a uma reivindicação do setor na briga desigual com os produtos importados, que chegam ao País com preços até 60% mais baixos. De acordo com a Associação Brasileira dos Defensivos Genéricos (Aenda), o projeto, que precisa ser aprovado pelo plenário do Senado e pela Câmara dos Deputados, reprod uz o Decreto-Lei n. 4074/2002 e vem regulamentar a comercialização dos produtos pelas empresas estrangeiras que atuam no Brasil. Nos últimos anos, segundo a Aenda, as indústrias agroquímicas passaram a oferecer no mercado nacional agrotóxicos genéricos com preços de 20% a 30% mais baixos. Mesmo assim os valores são maiores, o que faz com que a disputa com os chineses seja desigual. A Aenda, em nota, afirmou que toda discussão que envolve os agrotóxicos genéricos não altera de forma significativa o cenário atual pois não inclui alterações no tempo para a emissão de certificação para se produzir os produtos genéricos no País. "Hoje uma empresa no Brasil precisa esperar cerca de 38 meses para receber o certificado de um produto; nos Estados Unidos o tempo se limita a cerca de três semanas, e isso reduz a nossa capac idade de concorrer com os importados chineses". A importação de agrotóxicos originárias da China passou de 2.109 toneladas em 2001 para 32.911 toneladas no ano passado.

Cresce apreensão de agrotóxicos no RS

Importante matéria do Correio do Povo sobre o crescimento de apreensão de agrotóxicos ilegais. A matéria comenta também sobre os danos e as consequências aos usuários que fazem prática desse mercado para abastecer suas lavouras.


Maior controle e denúncias colaboram para o recuo do contrabando. O controle mais eficaz do trânsito e o aumento de denúncias garantiram a redução da entrada de agrotóxicos ilegais no Rio Grande do Sul, uma das principais portas de entrada desses produtos no país. Entre os meses de janeiro e abril, foram apreendidos no Estado 2.124 quilos, 71,9% a mais do que os 1.235 quilos do mesmo período do ano passado. Conforme dados do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola (Sindag), o RS fica atrás somente do Paraná, com 6.245 kg, e Mato Grosso, com 5 mil kg. Ao todo, no Brasil, foram apreendidos 15,6 mil quilos, uma elevação de 20% no mesmo período. Os estados da Região Sul e o Ma to Grosso do Sul são os mais visados pelos contrabandistas porque fazem fronteira com o Uruguai e o Paraguai. Além de maior rigor na inspeção, a indústria mantém campanhas de esclarecimento há dez anos. Mas, segundo o gerente do Sindag, Fernando Marini, infelizmente, o custo mais baixo ainda pesa na decisão de muitos. "É preciso comprar em locais de confiança com a receita agronômica e a nota fiscal que indica o local para devolução das embalagens vazias." A Secretaria da Agricultura que fiscaliza a produção, o transporte e uso de agrotóxicos na lavoura, quer fechar o cerco aos ilegais. Conforme o diretor do Departamento de Sanidade Vegetal José Cândido Mota, está em elaboração um projeto em que microscópios, acoplados a notebooks, e um kit para detectar moléstias vegetais a partir do DNA serão usados na análise. Hoje, sem a tecnologia, é impossível cumprir a legislação federal, que determina a destruição da lavoura. Com isso, o produto acaba sendo apreendido pela Polícia Federal, que toma as providências legais, e o usuário tem de responder a processo administrativo na secretaria. "Precisamos aparelhar o setor para identificar o nível de agrotóxico a campo, porque até agora se tem amostragem nos produtos já na etapa da comercialização." Mota alerta aos agricultores que produtos ilegais podem contaminar a produção, além de não garantir o resultado esperado. Ele acrescenta que o uso, mesmo em pequena quantidade, pode comprometer toda a lavoura.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Aprovado projeto de lei de agrotóxicos genéricos

Matéria publicada no Diário do Comércio e Indústria relata a aprovação pelo Senado o projeto de lei para agrotóxicos genéricos que altera a Lei dos Agrotóxicos do país.

A Comissão de Agricultura do Senado aprovou ontem, em caráter terminativo, o projeto de lei que regulamenta a produção de agrotóxicos genéricos no Brasil. O relator da matéria, senador Waldemir Moka (PMDB-MS), disse que a proposta irá estimular a produção deste tipo de substância e implicará na queda dos preços dos alimentos no País, além de fortalecer a competitividade do setor. O projeto segue para a Câmara dos Deputados.

De autoria do ex-senador Heráclito Fortes, o projeto de lei que regulamenta a produção de agrotóxicos genéricos altera a Lei dos Agrotóxicos. No relatório, Moka explicou que o projeto impõe a adoção da nomenclatura do princípio ativo do produto técnico no receituário agronômico, e, nas compras feitas pelo Poder Público, deverá ser dada preferência ao defensivo agrícola genérico quando houver igualdade de preços.

O relator acrescentou ainda que o Brasil usa, por ano, mais de 600 mil toneladas de defensivos agrícolas no plantio, o que causa impacto direto no preço dos alimentos. "É suficiente, para nos posicionarmos favoravelmente ao projeto, a expectativa dos efeitos positivos advindos da redução dos custos de produção pela disponibilidade de produtos defensivos concorrentes", conforme trecho do texto.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Retirada do Endossulfan do mercado nacional

No dia 16 de agosto do ano passado foi publicado no Diário Oficial da União uma resolução da ANVISA (Resolução 28, de 09 de agosto de 2010) com o cronograma para a retirada do princípio ativo Endossulfan do mercado nacional. Este princípio ativo já encontra-se banido de vários países. Estranhamente, o prazo para proibição total de seu uso e comercialização se estende até 31 de julho de 2013, mesmo sabendo-se dos perigos que o uso do produto traz para a população e para o meio ambiente, conforme documento elaborado pela IPEN e pela Convenção de Estocolmo.

No dia 31 de julho deste ano serão canceladas as importações de produtos que contenham o princípio ativo. Na mesma data em 2012 será cancelada a produção de produtos que contenham Endossulfan na sua formulação e, finalmente, no dia 31 de julho de 2013 será cancelada a comercialização de todos os produtos que contenham este princípio ativo em sua composição.

Esta publicação também alterou a Monografia do Princípio Ativo, liberando-o para uso apenas para as culturas de algodão, café, cana de açúcar e soja exclusivamente através de equipamento tratorizado, proibindo a aplicação através de equipamento manual / costal e aérea, e o uso está autorizado apenas para os Estados da Bahia, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Sul e São Paulo.

Um outro aspecto quase sem destaque desta resolução é a obrigatoriedade dos agricultores em assinar um termo de responsabilidade no momento da compra do produto, tornando-o ciente dos riscos do produto e do seu compromisso em utilizar o produto estritamente como consta na receita agronômica e na bula. Este termo de responsabilidade deve ser fornecido pelos fornecedores dos produtos, pois seu texto deve ter sido aprovado pela ANVISA.

Sabendo-se disto, fica o recado aos agrônomos e técnicos agrícolas em recomendar o uso de produtos a base de Endossulfan apenas nos casos onde não é possível utilizar outro produto, sempre buscando alternativas de controle.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

A importância das plantas daninhas na agricultura

Achei interessante esse artigo do Portal Dia de Campo, escrito por Rafael Vivian, que aborda um outro lado sobre a importância das plantas daninhas na agricultura, não sendo vista apenas como invasora das lavouras, mas também o lado do benefício.

A importância das plantas daninhas na agricultura

Podem ser utilizadas para controle da erosão em áreas degradadas, processos de fitorremediação, tratamentos fitoterápicos e alimento para inimigos naturais

O surgimento das plantas daninhas ocorreu junto com o desenvolvimento da agricultura, há cerca de 12 mil anos. No início, havia maior equilíbrio entre as diversas espécies. Com o crescimento da população e, conseqüentemente, maior interferência humana nos cultivos, iniciou-se um processo gradual de seleção. As espécies sem interesse agrícola passaram a ser indejesadas e sua multiplicação e alta capacidade de adaptação permitiu-lhes sobreviver a diversos ambientes, tornando-se necessário a adoção de medidas de controle.

Atualmente, não há dúvidas de que a presença de plantas daninhas cause prejuízos aos agricultores. Em média, cerca de 20-30% do custo de produção de uma lavoura se deve ao custo do controle das plantas daninhas. Geralmente, apresentam crescimento rápido e facilidade de disseminação, produzem grande número de sementes e crescem em condições adversas.

Seus prejuízos estão diretamente relacionados às perdas na produtividade e na qualidade dos produtos. Um exempo típico é o que ocorre com sementes de picão-preto (Bidens pilosa) no cultivo do algodoeiro. Muitas espécies também são extremamente danosas em campos de sementes, pois podem impedir a sua certificação. Em áreas de pastagem, espécies como cafezinho (Palicourea marcgravii) e oficial-de-sala (Asclepias curassavica) intoxicam os animais levando-os à morte.

Outras espécies podem, também, parasitar plantas. Exemplo comum no Brasil ocorre com a erva-de-passarinho (Phoradendron rubrum) em citros, ocasionando perdas na produção e morte das plantas. Em outros países, ocorre o parasitismo em plantas de milho ocasionado pela erva-de-bruxa (Striga lutea), espécie daninha de difícil controle devido ao seu desenvolvimento abaixo da superfície do solo.

Indiretamente, as plantas daninhas também podem afetar as lavouras, sendo hospedeiras de pragas e doenças. No caso das guanxumas (Sida ssp.), a maioria é hospedeira do vírus do mosaico-dourado do feijoeiro, transmitido pela mosca-branca. O capim-massambará (Sorghum halepense), hospedeiro do vírus do mosaico da cana-de-açúcar, está geralmente presente em canaviais. Demais prejuízos indiretos ocorrem pela dificuldade de colheita na presença de plantas daninhas como corda de viola (Ipomoea sp), carrapicho (Cenchrus echinatus), unha de gato (Acassia plumosa) e mucuna (Mucuna pruriens) ou mesmo pela dificuldade de manejo após o cultivo, depreciando o valor da terra, a exemplo do que ocorre pela tiririca (Cyperus rotundus).

Além das áreas agrícolas, o manejo de plantas daninhas é importante, também, em áreas industriais, ferrovias, espaços públicos ou mesmo em represas para geração de energia elétrica. Nesses corpos d’água, espécies como taboa (Typha angustifolia) e aguapé (Eichornia crassipes) proliferam rapidamente. Durante o processo de passagem da água pelas turbinas, a massa densa dessas espécies interrompe o fluxo normal, danifica e onera a manutenção dos equipamentos. Outras plantas como salvínia (Salvinia molesta) e alface d água (Pistia stratiotes) aumentam as perdas de água, pois reduzem o seu aproveitamento.

Entretanto, muitos benefícios também podem ser obtidos pelo conhecimento e uso correto de plantas daninhas. Devido a sua velocidade de crescimento, muitas são usadas no controle da erosão em áreas degradadas, como o que ocorre com as gramíneas (Brachiaria brizantha, B. decumbens, B. ruziziensis e Panicum maximum). Outras são utilizadas nos processos de fitorremediação, permitindo a retirada ou degradação de compostos residuais no solo, ou seja, além de absorver água e nutrientes que as fazem crescer, algumas espécies são capazes de absorver elementos poluentes, funcionando como filtros biológicos, como exemplo para Stizolobium aterrimum, Lupinus albus e Canavalia ensiformes, entre outras.

Muitas espécies consideradas daninhas podem ainda servir na medicina para tratamento fitoterápico a partir da infusão de folhas, a exemplo do uso popular de quebra-pedra (Phyllanthus niruri) ou da urtigueira (Urtica dioica), ou fornecendo inúmeros compostos para sua extração. Algumas plantas daninhas servem também de alimento para inimigos naturais ou mesmo para as abelhas melíferas, como o assapeixe (Vernonia polyanthes) e a vassourinha de botão (Borreria verticillata).

Desta forma, com tantas vantagens e desvantagens, devemos utilizar boas práticas de gestão das plantas daninhas, principalmente no ambiente agrícola. O manejo integrado é uma das práticas que se inicia com a escolha do local de semeadura e da variedade, a qual deve ser adequada à fertilidade e ao pH do solo. A densidade de semeadura e o espaçamento correto também facilitam o seu manejo durante o cultivo. O manejo químico, apesar de importantíssimo, deve levar em consideração a dinâmica das plantas, as práticas culturais e o sistema de semeadura utilizado, assim como, a tecnologia disponível.

O manejo após o cultivo é outra questão importantíssima na redução da infestação e que deve ser considerado na gestão de plantas daninhas.Todavia, o que se observa é o uso inadequado das tecnologias e perda de controle de muitas espécies daninhas. Um exemplo é o que ocorreu com a introdução da soja resistente ao glifosato. Com o uso contínuo e exagerado deste herbicida, biótipos resistentes das espécies buva (Conyza bonariensis), capim amargoso (Digitaria insularis), azevém (Lolium multiflorum) e leiteiro (Euphorbia heterophylla) já foram selecionados e outras espécies também apresentam tolerância como trapoeraba (Commelina benghalensis) e erva quente (Spermacoce latifolia), entre outras.

Recentemente, a Embrapa, em conjunto com a iniciativa privada, está trabalhando no lançamento de soja resistente ao grupo químico das imidazolinonas, como nova alternativa no manejo de plantas daninhas. Porém, a orientação de uso da tecnologia deverá ser repassada para os produtores, para não ocorrer novos casos de resistência.

A partir do proposto, o manejo integrado deve combinar métodos de controle preventivo e curativo, sem se esquecer do conhecimento prático das características de cada espécie de planta daninha. Novos programas de controle devem ser avaliados para garantir o avanço tecnológico, que deverá focar, principalmente, na determinação das características biológicas e nos mecanismos de competição entre as espécies. Por meio da gestão integrada de plantas daninhas é possível reduzir sua interferência nos cultivos agrícolas, sem comprometer as demais áreas.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Defensivos com patentes recuperam espaço

Matéria publicada no jornal Valor Econômico, assinada pelo jornalista Alexandre Inacio, ressalta a recuperação dos produtos Agrotóxicos com patente perante os genéricos, refletindo também a adoção de tecnologias mais de ponta pelos agricultores quando encontram-se em situação favorável para investir.

Vejam a matéria na íntegra:

Capitalizado, beneficiado pelo clima e com perspectivas de que seus rendimentos continuem em alta nas próximas safras, o agricultor brasileiro está elevando os investimentos em tecnologia nas lavouras. Um dos termômetros dessa tendência é o segmento de defensivos agrícolas, onde as vendas de produtos com patentes - conhecidos por "especialidades" e comercializados sobretudo pelas grandes multinacionais instaladas no país - reagiram em 2010 no país e ganharam espaço dos genéricos tanto em movimentação financeira quanto em volume comercializado.

Levantamento realizado pelo Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola (Sindag), entidade que representa as companhias de especialidades e de genéricos - também chamados de "pós-patente" -, mostra que os produtos com patentes vendidos representaram 58% do faturamento do segmento, que no ano passado foi de US$ 7,3 bilhões. Em 2009, quando as vendas somaram US$ 6,6 bilhões, as especialidades tiveram uma fatia seis pontos percentuais menor, de 52%.

"Quando o produtor está mais capitalizado, ele opta pela especialidade. São produtos com uma tecnologia superior à dos genéricos e em períodos de dólar em baixa passam a ser ainda mais atraentes", afirma Ivan Amancio Sampaio, gerente de informação do Sindag.

Em uma análise mais simplista, a queda da participação dos genéricos na receita do ramo poderia ser justificada pela redução dos preços de alguns produtos, especialmente o glifosato. Essa avaliação justificaria a fatia menor e, teoricamente, elevaria o volume dos genéricos adquiridos pelos agricultores no ano passado. O estudo revela, no entanto, que os genéricos também perderam espaço no volume dos produtos comerciais vendidos.

No ano passado, foram consumidas no Brasil 790,8 mil toneladas de produto comercial - princípio ativo com a adição de solventes, fixadores entre outros produtos químicos. Desse total, 27% foram de defensivos vendidos sob patentes, ficando os genéricos com os 73% restantes. Já no ano anterior, o volume total foi de 725,5 mil toneladas, das quais 19% foram de especialidades e 81% de genéricos.

Situação semelhante ocorre quando se compara a venda dos princípios ativos, a matéria-prima principal para o defensivo comercial. Foram vendidas no ano passado 342,6 mil toneladas de produto, sendo 19% de produtos ainda com patentes e 81% já sem a restrição. Em 2009, a divisão foi de 85% para os genéricos e apenas 15% para as especialidades.

Até mesmo a Associação Brasileira dos Defensivos Genéricos (Aenda) - entidade que representa as companhias de genéricos - reconhece que os recentes avanços em produtividade obtidos pela agricultura brasileira estimulam os produtores a buscar novas tecnologias. "As recentes reavaliações realizadas pela Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária] também retiraram do mercado genéricos importantes e conhecidos, caso do Endosulfan [inseticida] e da Cihexatina [acaricida]", afirma Tulio Teixeira de Oliveira, diretor executivo da Aenda.

Segundo Oliveira, a entrada no Brasil de genéricos vindos especialmente da China e da Índia é outro fator que explica a queda na participação desse tipo de produto no faturamento do setor. Com o dólar em baixa a importação é favorecida, o que acaba fazendo com que as empresas instaladas no país reduzam os preços para tentar não perder espaço para as concorrentes.

Aliado à pressão de preços na indústria dos genéricos e à busca por novas tecnologias, outro fator que levou o produtor a procurar mais as especialidades no ano passado foi a resistência a alguns defensivos. Para Eduardo Daher, diretor executivo da Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef) - entidade que representa as empresas de produtos com patentes -, as novas pragas e doenças que surgem na agricultura levam o produtor a buscar outras alternativas.

"O que vale na agricultura é a relação de troca, que está favorável ao produtor devido aos preços das commodities. Quando isso acontece, o agricultor tende a cuidar melhor de sua lavoura e correr menos riscos", afirma Daher.

Do ponto de vista dos negócios, a expectativa é que as especialidades continuem ganhando espaço. Líder no mercado de defensivos no Brasil, atuando tanto no segmento de especialidades quanto de genéricos, a suíça Syngenta acredita que a tendência será mantida. "Quando o produtor tem contato com a tecnologia mais avançada, dificilmente ele volta para a antiga, mesmo que os preços das commodities recuem. Ele passa a fazer a conta pelo tento que a planta fica protegida e não olha mais apenas para o valor do produto", afirma Alexandre Gobbi, diretor de marketing no Brasil.