quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Anvisa constata uso de agrotóxicos inadequados em diversos alimentos

Matéria publicada sobre estudos da ANVISA em relação a contaminação de alimentos com agrotóxicos.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) constatou que os produtores rurais têm usado agrotóxicos não autorizados no plantio de determinados alimentos. Em 2010, a Vigilâncias Sanitária avaliou 2.488 amostras de alimentos, sendo que 28% apresentaram resultado insatisfatório para a presença de resíduos dos produtos. Deste total, 605 (24,3%) amostras estavam contaminadas com agrotóxicos não autorizados.

Quando o uso de um agrotóxico é autorizado no país, os órgãos responsáveis por essa liberação, indicam para que tipo de plantação ele é adequado e em que quantidade pode ser aplicado. Em 42 amostras (1,7%), o nível de agrotóxico estava acima do permitido. Em 37% dos lotes avaliados, não foram detectados resíduos de agrotóxicos.

"Os resultados insatisfatórios devido à utilização de agrotóxicos não autorizados resultam de dois tipos de irregularidades, seja porque foi aplicado um agrotóxico não autorizado para aquela cultura, mas cujo [produto] está registrado no Brasil e com uso permitido para outras culturas, ou seja, porque foi aplicado um agrotóxico banido do Brasil ou que nunca teve registro no país, logo, sem uso permitido em nenhuma cultura", conclui o relatório do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos de Alimentos (Para).

O pimentão lidera a lista dos alimentos com grande número de amostras contaminadas por agrotóxico. Em quase 92% das amostras foram identificados problemas. Em seguida, aparecem o morango e o pepino, com 63% e 57% das amostras com avaliação ruim.

Em uma amostra de pimentão, foram encontrados sete tipos diferentes de agrotóxicos irregulares. A batata foi o único alimento sem nenhum caso de contaminação nas 145 amostras analisadas.

A agência reguladora constatou também que, das 684 amostras consideradas insatisfatórias, 208 (30%) tinham resíduos de produtos que estão sendo revistos pela Vigilância Sanitária ou serão banidos do país, como é o caso do endossulfan e do metamidófos, que serão proibidos no Brasil nos próximos dois anos.

Em 2010, foram avaliados resíduos de agrotóxicos em 18 tipos de alimentos em 25 estados e no Distrito Federal. São Paulo não participou do programa.

A lista com os dez alimentos com mais amostras contaminadas com resíduos de agrotóxicos é a seguinte: 1) pimentão; 2) morango; 3) pepino; 4) cenoura; 5) alface; 6) abacaxi; 7) beterraba; 8) couve; 9) mamão; e, 10) tomate.


PRODUTOR USA MENOS AGROTÓXICOS DO QUE A 10 ANOS

Apesar do avanço das vendas de defensivos -- que deve chegar a 11% de crescimento este ano em relação a 2010 --, o uso do produto diminuiu em comparação há dez anos, segundo o engenheiro agrônomo Octávio Nakano, do Departamento de Entomologia, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq).

"Não é o simples fato de existir praga na lavoura que leva à aplicação de inseticidas", disse. Hoje em dia, antes de o produtor se decidir pela aplicação de defensivos, é feito o controle da infestação por meio do sistema chamado de manejo integrado de pragas (MIP), conforme explica Nakano.

"A agricultura está passando por uma boa fase, com redução muito grande de intoxicações e de acidentes com operários. Além disso, os defensivos, hoje, são muito menos perigosos do que os que eram utilizados há dez anos", pontuou o acadêmico.

Nakano lembra que a maior cautela contra os ataques biológicos envolve as culturas de soja, algodão e citros. No entanto, para evitar perdas nas colheitas, conforme esclareceu, os produtores contam hoje com modernas ferramentas, entre as quais o GPS (sigla em inglês de Global Positioning System), aparelho que permite acompanhar a evolução populacional de pragas pelo mapeamento da área plantada.

Outro recurso, no caso da soja, por exemplo, são as sementes geneticamente modificadas, ou transgênicas, mais resistentes aos ataques por lagartas. Segundo o agrônomo, os defensivos representam em torno de 15% dos custos de produção e, com o manejo integrado, o percentual cai para algo em torno de 12%. Na avaliação de Nakano, atualmente, há uma maior consciência ecológica, mas busca-se também reduzir o uso para baratear a produção.

Também há os investimentos por parte da indústria do setor. Em busca de fórmulas que levem a produtos mais seguros para o meio ambiente e menos tóxicos, os fabricantes de defensivos gastam, anualmente, entre 10% a 12% do faturamento em pesquisa e desenvolvimento (P&D), de acordo com o gerente técnico da Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef), Luiz Carlos Ribeiro. Ele lembrou que o maior volume de investimentos deve-se também ao fato de haver no país diferentes tipos de clima, o que favorece o surgimento de pragas, ervas daninhas, insetos e fungos.

Para Ribeiro, no entanto, falta uma política de assistência para o uso correto dos defensivos entre os pequenos produtores, o que deixa esses usuários dependentes apenas de orientações repassadas por vendedores ou representantes de cooperativas. O executivo observou ainda que, com tecnologia, o Brasil vem conseguindo aumentar a produtividade. "Estamos produzindo cada vez mais quantidade de grãos e, praticamente, sem derrubar mais árvores e, com a recuperação que o governo federal realiza em áreas degradadas, poderemos dobrar o plantio", ponderou.

De acordo com estudos da empresa de consultoria alemã Klefmann, o Brasil aumentou sua produtividade sem ampliar a área plantada. Além disso, os estudos apontam que, por produto colhido, o país usa menos defensivos do que a Argentina, União Europeia (UE), China, França, Rússia e o Japão, mesmo tendo maior incidência de pragas, doenças e ervas daninhas.

O pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV), Mauro Lopes, disse que o Brasil tem liderado o crescimento da produção agrícola no mundo todo, em torno de 4% ao ano, e deverá ter uma expansão de 40% até 2050, segundo projeções da FGV e de outras instituições, como a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Esse avanço, conforme analisa, implica uso crescente de defensivos. "Eu não vejo a possibilidade de substituir o inseticida agroquímico, embora tenha havido um avanço com sucesso indiscutível do controle biológico", avalia Lopes.

Na opinião do consultor Flávio Hirata, de uma empresa de consultoria do agronegócio, os agrotóxicos considerados danosos à saúde humana e ao meio ambiente deverão ser retirados do mercado até em função do movimento que há no Brasil e no resto do mundo para que isso ocorra. "A própria Anvisa já baniu alguns produtos do mercado brasileiro", adverte.

Hirata lembra que não há como manter o desenvolvimento agrícola sem o uso dos defensivos, mas pondera que essa utilização deve ser racional até porque "o agricultor coloca na ponta do lápis quanto custa o produto e o benefício".

FONTE
Agência Brasil
Carolina Pimentel e Marli Moreira - Repórteres
Nádia Franco e Lana Cristina - Edição

Ferrugem surge em lavouras do PR e GO

Reportagem publicada pela Gazeta do Povo Online - Curitiba/PR - CAMINHOS DO CAMPO, sobre os primeiros focos de ferrugem asiática na safra atual.

O primeiro foco de ferrugem asiática confirmado nesta safra, em área comercial, foi registrado em lavoura de soja de Cristalina, em Goiás (Centro-Oeste). A informação é da Embrapa Soja, que coordena do consórcio nacional antiferrugem. O Paraná, por sua vez, registrou o primeiro foco em soja voluntária, em Nova Aurora (Oeste).

Apesar de a ferrugem ter surgido em plantas que nasceram de grãos que germinaram espontaneamente (sem ter sido plantados), a presença do fungo causador da ferrugem no Paraná preocupa os produtores e exige reforço na vigilância das lavouras. O agrônomo da Cooperativa Coopacol Fernando Fávero relatou que as plantas atacadas estavam na fase de enchimento de grãos (R5). Ele recomenda atenção redobrada, uma vez que as primeiras lavouras semeadas na região já floresceram. O florescimento favorece a ferrugem.

Para a pesquisadora Cláudia Godoy, da Embrapa Soja, os produtores precisam intensificar o monitoramento das lavouras para realizar o controle da ferrugem no momento adequado. “A floração da lavoura é uma época em que as linhas de soja se fecham e fica mais favorável para que a infecção se inicie nas folhas de baixo das plantas, em função do sombreamento e da maior umidade”, explica.

Percevejos causam prejuízo econômico às plantações de soja

Matéria divulgada sobre trabalho de mapeamento na avaliação do dano econômico de percevejos na soja.


Pesquisadoras da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da USP, em Piracicaba, estão desenvolvendo um mapeamento dos genes de percevejos predadores da soja, que normalmente causam grande prejuízo econômicos às lavouras. É o caso das espécies Nezara viridula (L.), Piezodorus guildinii (West.) e Euschistus heros (F.), por exemplo, que se alimentam diretamente dos grãos, afetando rendimento e a qualidade das sementes da oleaginosa. A agrônoma Michelle da Fonseca Santos e a bióloga Milene Möller atualmente trabalham analisando os genes associados à resistência da soja ao grupo de percevejos sugadores de vagens, bem como a expressão gênica esses animais. “A resistência de plantas é uma tática de controle de insetos-praga desejável, entretanto as cultivares de soja resistentes a insetos recomendadas para o cultivo, no Brasil, são adaptadas somente à região Sudeste”, comenta Michelle, que ainda ressalta que este é “um trabalho mundialmente inédito”. Desta forma, este trabalho irá beneficiar os melhoristas de soja na obtenção de cultivares resistentes ao complexo de percevejos, contribuindo para o aumento na produtividade da cultura. A obtenção de cultivares agronomicamente competitivas e resistentes ao complexo de percevejos é alvo de programas de melhoramento genético no Brasil, mas, entretanto, até agora esses programas não têm apresentado sucesso, devido à resistência aos percevejos apresentar controle poligênico. A soja constitui-se na fonte de proteína mais consumida mundialmente, sendo o Brasil o segundo maior produtor mundial dessa leguminosa. De acordo com dados publicados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), na safra 2010/2011, a produção brasileira foi de 72 milhões de toneladas, em uma área cultivada de 24 milhões de hectares. Além disso, a soja é responsável por, aproximadamente, 25% das exportações brasileiras, representando importante fonte de capital para o País. Parceria O trabalho de Michele e Milene está sendo orientado pelo professor José Baldin Pinheiro, do Departamento de Genética (LGN) da Esalq, dentro do programa de Pós-Graduação em Genética e Melhoramento de Plantas. O projeto recebe financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo (Fapesp) e Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), em parceria com a Fulbright. Na Estação Experimental do LGN, localizada no município de Anhembi (SP), a população de mapeamento foi avaliada quanto a reação aos insetos em condições de infestação natural. Posteriormente, a mesma foi genotipada no Laboratório de Diversidade Genética e Melhoramento de Plantas, usando marcadores TRAP, AFLP e SSR.

Agência USP com Comunicação da Esalq
Fonte: Agrolink-RS