terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Unesp cria sistema de classificação de agrotóxicos

relato de trabalho desenvolvido por pesquisadores da UNESP propõe classificação dos agrotóxicos em relação à deriva.

Publicado em 31/01/12.

Produtos foram avaliados quanto ao potencial de deixar excedentes na natureza
Uma equipe da Faculdade de Ciências Agronômicas (FCA) da Unesp, Câmpus de Botucatu, desenvolveu um sistema de classificação de agrotóxicos quanto à redução de ‘deriva' na aplicação. Deriva é a porção do produto químico aplicado que não atinge o alvo desejado, podendo se depositar em áreas vizinhas, com potencial impacto ao ambiente.
Os pesquisadores analisaram não apenas os agrotóxicos, mas toda a técnica de aplicação de cada produto, o que inclui os adjuvantes (substâncias adicionadas ao defensivo agrícola para facilitar sua aplicação, aumentar a eficiência ou diminuir riscos) e também as pontas de pulverização (responsáveis por distribuir as gotas contendo os agrotóxicos nas lavouras).
Apesar de existir no mercado uma quantidade grande de agrotóxicos, adjuvantes e pontas de pulverização, os consumidores destes produtos têm dificuldade para escolher, segundo explica o autor do trabalho Fernando Kassis Carvalho, estudante de mestrado da FCA. "Não existe no Brasil uma classificação dos produtos em relação à redução de risco de deriva", diz. "O acesso a essas informações evitaria que o agricultor adquirisse produtos que não cumprem as funções esperadas."
Segundo o professor da FCA Ulisses Antuniassi, co-autor do estudo, o sistema de classificação vai além de transmitir ao produtor segurança na hora da escolher uma técnica de aplicação. "A classificação é uma ferramenta para aumentar a sustentabilidade e a responsabilidade no uso de produtos fitossanitários".
Além do professor e do pós-graduando, participaram do trabalho os pesquisadores Rodolfo Glauber Chechetto, Caroline Michels Vilela, Alisson Augusto Barbieri Mota, Anne Caroline Arruda e Silva e Rone Batista de Oliveira.
Classificação por ‘estrelas'
Os estudiosos analisaram a espessura das gotas geradas durante as pulverizações - quanto mais finas, mais sujeitas à deriva porque podem ser carregadas a grandes distâncias. A partir de testes feitos em um túnel de vento, os pesquisadores da FCA criaram uma escala que atribui estrelas a cada técnica de aplicação em função dos resultados obtidos.
"A quantidade de estrelas que uma técnica recebe indica a capacidade em reduzir deriva", explica Antuniassi. "Como exemplo, uma técnica classificada com três estrelas proporcionaria uma redução no risco de deriva maior do que 75% com relação a um método de aplicação padrão".
A expectativa dos pesquisadores é que essa classificação seja, no futuro, impressa no rótulo ou bula do agrotóxico, servindo como base para a tomada de decisão sobre o tipo de técnica que deverá ser empregada. "Se uma aplicação será feita em região próxima a uma área urbana ou a um curso d'água, a recomendação é o uso de um agrotóxico cujo rótulo indique uma técnica de três estrelas, e esta ressalva deverá constar da receita agronômica [prescrição e orientação técnica para o uso do produto]", exemplifica o professor.
Em locais mais distantes a regiões de maior sensibilidade aos impactos causados pelos agrotóxicos, o uso de técnicas de uma ou duas estrelas poderia até ser aceitável, dizem os estudiosos.
Prêmio
O trabalho foi destaque na quinta edição do Simpósio Internacional de Tecnologia de Aplicação de Agrotóxicos (Sintag), realizado em setembro, em Cuiabá (MT). Ele obteve o primeiro lugar na categoria "Melhores trabalhos sobre deriva na aplicação de agrotóxicos", concorrendo com 21 pesquisas. Carvalho, primeiro autor, foi convidado a apresentar o trabalho aos líderes da área de pesquisa da empresa Dow Agroscience, patrocinadora do evento. Além do troféu, ele recebeu um prêmio de R$ 5 mil.
Ainda durante o Sintag, na mesma categoria, outro trabalho da FCA teve destaque: "Avaliação da deriva em aplicações de herbicidas em canas-de-açucar", de Caio Antonio Carbonari, Edivaldo Domingues Velini, Marcelo Boschiero e Weber Valério foi classificado em terceiro lugar. (Da Unesp)

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Anvisa quer proibir uso de dois agrotóxicos

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) quer proibir o uso de dois agrotóxicos no país. A agência abriu ontem (23/01/12) consulta pública propondo banir o parationa metílica e o forato do mercado brasileiro. Segundo a Anvisa, estudos científicos mostram que as substâncias fazem mal à saúde. O parationa causa problemas no sistema endócrino, transtornos psiquiátricos e afeta o desenvolvimento do embrião e do feto na gravidez. O inseticida é usado no controle de pragas nas plantações de algodão, alho, arroz, batata, cebola, feijão, milho, soja e trigo. O forato aumenta o risco de diabetes na gestação e atinge o sistema respiratório, podendo levar à morte com a exposição a baixas doses. É autorizado para o combate de parasitas e insetos nas lavouras de algodão, amendoim, café, feijão, milho, tomate e trigo. Os dois produtos já são proibidos na Comunidade Europeia (CE) e utilizados com restrições nos Estados Unidos. As consultas ficam abertas por dois meses, período em que a população pode opinar sobre o banimento dos agrotóxicos. As contribuições às Consultas Públicas 8 e 9/2011 podem ser feitas pelo site da Anvisa ou pelo e-mail toxicologia@anvisa.gov.br. Outros canais de participação são o fax (61) 3462-5726 e cartas para o endereço: Agência Nacional de Vigilância Sanitária Gerência-Geral de Toxicologia/SIA Trecho 5, Área Especial 57, Lote 200 CEP 71.205.050 - Brasília/DF FONTE: Agência Brasil Carolina Pimentel - Repórter Rivadavia Severo - Edição

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

A verdade sobre os agrotóxicos

A verdade sobre os agrotóxicos
06/01
Reportagem da Revista Veja desta semana esclarece questões sobre os defensivos

A revista Veja, em sua edição desta semana (04-01, abaixo), publica o Guia Veja sobre o uso dos defensivos agrícolas nas lavouras, em especial os hortifrutis.

Pautada nos dados que a ANVISA divulgou, dia 7 de dezembro, sobre a possível presença de resíduos de agroquímicos nos alimentos, a edição do Guia está muito bem embasada. Recorre a diversas entrevistas junto a representativas fontes acadêmicas e especialistas em Agronomia, Nutrição e Medicina. O resultado jornalístico desse trabalho amplo e isento – ouvindo diversas opiniões contrárias – contrapõe o que vem sendo publicado por grande parte mídia.

Os colegas jornalistas, lamentavelmente, têm sido pouco esclarecidos justamente pela Agência de Saúde ao divulgar os alimentos analisados. Com isso, a cada ano, os consumidores têm sido alarmados pela forma como a ANVISA divulga sua análise de resíduos em alimentos. De acordo com os especialistas, os dados carecem de melhor detalhamento técnico no momento de sua divulgação.

Esperamos que a edição deste Guia Veja seja útil a todos. Ela deve contribuir para esclarecer os consumidores e a opinião pública sobre o papel dos defensivos para a produtividade agrícola e a segurança alimentar e nutricional dos alimentos que chegam às nossas mesas, graças às modernas tecnologias e à dedicação de milhares de agricultores.


Guia Veja - Matéria: "A verdade sobre os agrotóxico?s"
Revista Veja, edição de 4 de janeiro de 2012, páginas 84 a 88

Há um mês a Agencia Nacional de Vigilância Sanitária - (ANVISA), divulgou os resultados de um estudo iniciado em 2010 sobre a contaminação de alimentos por agrotóxicos - e suas conclusões deixaram quase em pânico os consumidores que se preocupam em pôr à mesa apenas aquelas frutas e hortaliças que colaborem com sua saúde.

No banco geral da Anvisa, 28% dos produtos avaliados foram considerados insatisfatórios; no topo do ranking vinha o pimentão (com assustadores 91,85 de amostras contaminadas), seguido por morango, pepino, alface e cenoura.

Estariam os brasileiros, então, intoxicando-se perigosamente cada vez que levam o garfo à boca e arriscando uma doença grave no futuro? Definitivamente, não: Quando se esmiúça o relatório, vê-se que muito do receio que ele provocou é exagerado e infundado. Para explicar porque é assim, VEJA conversou com 8 toxicologistas e engenheiros agrônomos que atuam em centros de referências no país.

Antes de mais nada: Porque os agricultores se valem de produtos que, em seu próprio nome, já trazem o sufixo tóxico?
A palavra entre "Agrotóxico" é imprecisa e algo carregado ao julgamento de um valor - resquício do tempo, há muito tempo deixado para trás, em que estas substâncias eram colocadas no mercado sem pesquisa suficiente sobre suas propriedades e seus efeitos, e usadas de forma indiscriminada. O nome certo é "defensivo agrícola", uma vez que esses produtos servem não para intoxicar a lavoura ou o produtor, mas sim para defender a plantação de pragas, insetos e parasitas e evitar que ela se perca.

Como foi feito o estudo da Anvisa?
O programa de análise de resíduo de agrotóxico em alimento avaliou 2.488 amostras de 18 tipos de alimentos - abacaxi, alface, arroz, batata, beterraba, cebola, cenoura, couve, feijão, laranja, maça, mamão, morango, pepino, pimentão, repolho, tomate. A escolha das variedades obedeceu à combinação de três parâmetros: os dados de consumo do IBGE (que levanta os itens mais comuns na mesa dos brasileiros), a disponibilidade nos supermercados e as culturas em que o uso de defensivos é costumeiramente intensivo, por serem mais numeráveis a pragas ou pestes. Os vegetais foram coletados e analisados em 2010.

Como se definiu o que é um alimento contaminado?
A classificação seguiu dois critérios: resíduo, no alimento, de defensivo acima do limite permitido e detecção do uso de defensivo não autorizado para aquela determinada cultura. Das 2488 amostras, 694 foram consideradas irregulares.

Quantos alimentos apresentaram resíduos de defensivos em excesso?
Apenas 3,6% dos produtos avaliados revelaram teor de agrotóxico acima do limite máximo de resíduo (LMR), índice que determina o consumo sem riscos à saúde. Ou seja, das 2488 amostras, 89 foram reprovadas. Isso pode acontecer por dois motivos: Porque o agricultor aplicou na lavoura uma dose acima da indicada ou porque desrespeitou o chamado período de carência. - O intervalo mínimo entre o uso do pesticida e a colheita, tempo em que o defensivo se degrada e perde sua toxicidade para os seres humanos.

Quão acima do limite de resíduos estavam esses alimentos?
Em geral, muito pouco. Segundo o toxicologista Ângelo Trapé, professor da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), esse é o quesito em que este receio é quase sempre injustificado, já que as margens de segurança são altíssimas. Para definir o nível seguro de resíduos de defensivos agrícolas que o ser humano pode ingerir diariamente, os cientistas primeiro realizam estudos em animais. O valor que não apresenta riscos para eles é então dividido por 100 - e assim se chega ao limite máximo aceitável para homem. Ou seja, o nível de resíduo detectado das amostras coletadas teria de estar 1000% acima do permitido para que se começasse a pensar em risco real. E nenhum caso desta monta foi verificado.

Em 24,3% das amostras, as análises detectaram presença de defensivos não autorizados. Eles eram, então, ilegais?
Não, eles eram comercializados legalmente no país. O que acontece é que cada produto deve informar, no rótulo o tipo de alimento ao qual destina. "para registrar um produto, o fabricante gasta milhões de dólares. E, mesmo quando a marca já está no mercado, incluir uma nova cultura no rótulo, custa entre 35 000 e 40 000 dólares", explica Luís Rangel, coordenador-geral de agrotóxicos do Ministério da Agricultura. Resultado: Como o processo é oneroso, as empresas preferem investir em defensivos que serão vendidos aos grandes produtores, como os dos setores de algodão, soja e milho, em detrimento daqueles destinados às culturas pequenas, como as hortaliças. "Assim, quando não há defensivos registrados para eliminar pragas que atacam uma cultura pequena, o produtor se vê obrigado a recorrer ao defensivo não autorizado, mas que traz o princípio ativo do qual eles necessitam", explica Celso Omoto, professor da Faculdade de Engenharia Agronômica da Univesidade de São Paulo em Piracicaba.

O uso de defensivo não autorizado é prejudicial à saúde?
Não necessariamente. As pesquisas mostram que um defensivo não oferece mais ou menos riscos de saúde se aplicado neste ou naquele alimento. Ou seja, o produto x, indicado para tomate, não ficará mais tóxico, sendo usado no pimentão. "O problema está na soma: resíduos de um mesmo agrotóxico em vários dos alimentos que constam na dieta de uma pessoa podem vir a extrapolar seu limite máximo", diz Luiz Claudio Meirelles, gerente geral de toxicologia da Anvisa. Mas a situação não é alarmante. "Como a margem de segurança para o cálculo do LMR é alta, é muito provável que o consumo desses alimentos não ofereça nenhuma implicação à saúde" diz o médico patologista João Lauro Camargo, da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Botucatu.

Os alimentos que lideram o ranking da Anvisa - pimentão, morango e pepino - representam riscos à saúde?
De forma alguma. Isso vale para os dezoito alimentos avaliados. "Como os resíduos apresentados estão dentro de níveis seguros - quando houve excesso, ele era irrisório -, não há motivo para preocupação em termos de saúde pública" explica Ângelo Trapé da Unicamp.

É possível remover resíduos de defensivos nos vegetais?
Não, pois o defensivo penetra na polpa do alimento ou circula pela seiva da planta. Nas últimas semanas, muitas "receitas" para remover defensivos circulam por ai - inclusive em telejornais de grande alcance - como lavar alimentos com água e sabão ou mergulhar em uma solução de hipoclorito de sódio, que nada mais é do que água sanitária diluída. Pura balela. "A lavagem com qualquer uma destas substâncias removem micróbios e coliformes fecais, mas não resíduos químicos", explica o engenheiro agrônomo José Otávio Menten, professor da Universidade de São Paulo, em Piracicaba. A fruta e a verdura ficam limpinhas, o que é ótimo. Mas o que houver de resíduo químico nelas continuará ali.

Descascar o alimento, então não adianta?
Descascar o alimento ou retirar as folhas externas do maço de alface, por exemplo, elimina apenas os resíduos presentes nestas partes do vegetal. O que está nas outras partes permanece. Além disso, as cascas de muitos alimentos são altamente nutritivas, e descartá-las pode ser um desperdício.

Algumas hortaliças, frutas e legumes tendem a absorver mais defensivos?
Não. O que determina se algum resíduo permanecerá no alimento é o manejo do produto na lavoura: a quantidade empregada e o período de carência indicado para aquela substância em particular. Se tudo for feito conforme a bula, entre o dia da aplicação do defensivo e o da colheita, a dose correta sofrerá degradação natural com a ação dos raios solares, da chuva e dos microorganismos.

Ingerir resíduos de defensivos provoca doenças ou malefícios?
Não existe comprovação científica de que o consumo a longo prazo de resíduo e pesticida nos alimentos provoque problemas graves em seres humanos. "A associação entre o uso de defensivos e a ocorrência de câncer, malformação fetal ou distúrbios neurológicos só foi demonstrada em animais expostos as concentrações altíssimas desses produtos", diz o toxicologista Flávio Zambrone, presidente do instituto brasileiro de toxicologia. Também não há caso de intoxicação provocada pela ingestão de um alimento contaminado.

Os defensivos oferecem risco à saúde dos agricultores?
Apenas quando eles não respeitam as regras de uso. "Os principais efeitos adversos são problemas gastrointestinais e demartologicos provocados por exposição a doses elevadas", diz Ângelo Trapé. Os equipamentos de segurança e as preocupações recomendadas pelos fabricantes reduzem drasticamente os riscos de contaminação.
"Como o Brasil é um dos países mais rigorosos no processo de registro, os produtos disponíveis no mercado são seguros.", diz a Engenheira Agrônoma Rumy Goto da Unesp.

É possível reduzir o uso de defensivos no campo, sem prejudicar a produtividade?
Sim, com programas educacionais que ensinem o agricultor a escolher o produto certo, aplicar a dose correta e respeitar o período de carência para a colheita segura. O produtor pode, por exemplo, optar por agrotóxicos seletivos, que agem na praga sem extirpar seus inimigos naturais. Assim o inseticida que mata o pulgão (praga) não elimina a joaninha (que se alimenta de pulgões e, assim, promove um controle natural da praga), o que reduz a necessidade de mais defensivos. Outra solução envolve manejos agrícolas como a rotação de cultura para quebrar o ciclo de vida da praga. "O produtor deve entender que existem diversas ferramentas para controlar pragas. Sem esse conhecimento, ele acaba optando pelo produto mais barato ou não autorizado para aquela cultura" diz o engenheiro agrônomo Celso Omoto da USP.

Existe alguma maneira de o consumidor se certificar da proveniência das frutas, dos legumes e das verduras que vai pôr à mesa?
Por enquanto não. Mas o Ministério da Agricultura pretende criar um cadastro de produtores multados por uso indiscriminado de defensivos agrícolas e disponibilizá-los para consulta pública em seu site. Essa medida poderá incentivar os bons produtores a identificar seus produtos com um selo. Como já é possível encontrar nas gôndolas do supermercado.

Orgânicos em Pratos Limpos

O temor que os alimentos com defensivos agrícolas façam mal à saúde tem feito com que muitos consumidores cogitem substituir frutas, verduras e legumes convencionais por seus equivalentes "orgânicos", ainda que tenham de desembolsar o dobro por isso.

Veja o que dizem os especialistas sobre este tipo de cultivo.

O que são alimentos orgânicos: aqueles cultivados sem o uso de agrotóxicos ou hormônios de crescimento.

O que é permitido numa cultura orgânica: plantar ervas daninhas que atraiam para si as pragas, usar adubos naturais, como esterco, e empregar extratos vegetais, como os de nim e pimenta, para combater pestes. No entanto, segundo os engenheiros agrônomos, Rumy Goto da Unesp e José Otávio Menten da Universidade de São Paulo, algumas exceções são permitidas " para nutrirem o solo os agricultores usam fertilizantes à base de compostos químicos, como o sulfato de potássio", diz Rumy. Menten destaca ainda a utilização, na plantação orgânica, de defensivos amplamente empregados na agricultura convencional como o enxofre, a calda de fumo e a calda bordalesa (mistura de sulfato de cobre com cal). Essas substâncias, porém, não são inofensivas. "Todos esses produtos 'orgânicos' deveriam ser submetido a avaliações", defende Menten.

Como identificá-los: desde janeiro/2011 os orgânicos vendidos em lojas e supermercados vêm com selo do Ministério da Agricultura. Nas feiras, o consumidor deve verificar se o vendedor possui o cadastro de agricultor orgânico. A lista de habilitados está no site Prefira Orgânicos (www.prefiraorganicos.com.br). Não que isso seja garantido, entretanto. As regras para o credenciamento e fiscalização são um bocado vagas e têm muitas lacunas. Por isso mesmo, algumas grandes redes de varejo se certificam de que não estão vendendo gato por lebre testando elas próprias em laboratório, periodicamente, amostras dos vegetais que exibem em suas gôndolas.

Quem fornece o selo: O produtor pode obtê-lo de duas maneiras. A primeira é contratar uma das seis empresas credenciadas pelo governo para o serviço. Elas avaliam a qualidade do solo e da água da plantação, antes de fornecer o selo. A outra são os chamados Sistemas Participativos de Garantia (SPG), em que um grupo de produtores se reúne com consumidores, pesquisadores e técnicos, sejam eles agrônomos ou não, e solicita autorização ao Ministério da Agricultura para se autocertificar.

Quem fiscaliza: Não há fiscalização sobre o comercio de orgânicos em feiras livres. Nos outros casos ela é feita pelas próprias empresas que deve acontecer pelo menos uma vez por ano, não são claras, nem são exigidas análises periódicas para detectar eventuais resíduos de defensivos químicos nas plantações. "Esse tipo de avaliação só ocorre quando há uma denúncia ou quando se constata um risco, como a identificação de uma plantação vizinha que utiliza produtos químicos", diz Rogério Pereira Dias, coordenador de Agroecologia do Ministério da Agricultura.

Riscos: sem o controle adequado de produção e armazenagem, as plantas orgânicas podem ser contaminadas por fungos ou por bactérias como a salmonela e a Escherichia coli. Um caso celebre aconteceu na Alemanha, em junho de 2011: mais de 40 pessoas morreram e milhares foram parar no hospital após ingerir brotos de feijão de uma fazenda orgânica contaminados com E. coli. Ou seja, não só por ser orgânico um produto é necessária e automaticamente mais saudável que o similar cultivado com o auxilio de defensivos.

Mais informações:
http://www.agrolink.com.br/noticias/ClippingDetalhe.aspx?CodNoticia=164421