quarta-feira, 30 de março de 2011

Os agrotóxicos também podem ser usados na recuperação ambiental

Li no Valor Econômico, de 30/03/2011, a matéria abaixo que trata do uso de Glifosato para preservar a vegetação nativa de cerrado no Parque das Emas, em função da invasão descontrolada de braquiária oriunda de antigas pastagens da região.

http://www.valoronline.com.br/impresso/agronegocios/105/405209/agrotoxico-pode-salvar-parque-das-emas?utm_source=newsletter&utm_medium=manha_30032011&utm_campaign=informativo

As diversas espécies de braquiária, pastagem oriunda da África, tem sido problema para a agricultura já há um bom tempo. Em áreas de grande umidade, comportam-se como perenes ou semi-perenes, porque várias gerações de plantas, oriundas de sementes ou de propagação vegetativa a partir de colmos que enraízam a partir do contato com o solo úmido, disputam a luz, a água e os nutrientes (principalmente Nitrogênio) com as espécies nativas. A competição é desigual e a braquiária sempre ganha por ser extremamente eficiente.

Em vários parques e unidades de preservação permanente, a infestação por este gênero tem sido um problema ambiental grave. No litoral do Paraná, dentro da APA (Área de Proteção Ambiental) de Guaraqueçaba que é a zona mais preservada da Mata Atlântica, por exemplo, onde haviam muitas fazendas de criação de búfalos, as zonas tomadas por esta invasora exótica viraram autênticas "Unidades de Preservação Permanente da Braquiária", sendo fonte constante de DISPERSÃO desta praga para toda a zona da planície litorânea. Em recente recorrido pelo delta do Rio Cachoeira, Rio do Nunes e Rio Cacatu, pude observar extensas ocorrências de braquiária já em pleno mangue, em área afetada pela maré e salinidade. Ou seja, não só a Mata Atlântica está sob ameaça, mas também a região de mangue de fundo de Baía tão importante aos ecossistemas estuarinos.

Para agravar o problema, uma outra praga exótica, o caramujo gigante africano Achatina fulica (http://pt.wikipedia.org/wiki/Caramujo-gigante-africano), associa-se perfeitamente à braquiária, usando sua cobertura como proteção e seus brotos jovens como alimento, alastrando-se por toda a APA, oferecendo adicionalmente riscos sanitários à população e ocupando nichos ecológicos de outras espécies.

Assim como espécies de braquiária, outros grupos de plantas e animais exóticos, tem dominado vários outros nichos ecológicos, (http://www.conservation.org.br/publicacoes/files/CapituloXXXIIIVisitasindesejadas.pdf) causando diversos tipos de prejuízo. Com a globalização, a intensificação do comércio, o aumento do número de viajantes, etc, é de se prever que o desafio de se evitar a entrada de espécies exóticas é cada vez mais uma "missão impossível". O trabalho iniciado no parque das Emas, me parece de grande importância porque a preservação ambiental precisa ser menos ideológica e mais prática. É importante derrubar dogmas e preconceitos e colocar a ciência e TODOS os recursos disponíveis, inclusive agrotóxicos, para trabalhar neste sentido.

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