quinta-feira, 25 de julho de 2013

Pragas 'importadas' ameaçam lavouras

Reportagem publicada na Folha de São Paulo chama a atenção para a possibilidade de invasão de pragas exóticas às lavouras brasileiras. Uma dezena de novas pragas tem reais chances de invadir as lavouras brasileiras nos próximos anos, segundo pesquisadores brasileiros. Para proteger o campo do risco de um ataque que possa causar prejuízos econômicos ao país, a Embrapa e a SBDA (Sociedade Brasileira de Defesa Agropecuária) listaram os principais candidatos a invasões. A relação, obtida com exclusividade pela Folha, revela ameaças a diferentes culturas e modelos de produção -da soja à mandioca, de exportadores à agricultura familiar. A seleção das pragas mais ameaçadoras considerou a probabilidade de ocorrer a invasão e a relevância econômica das plantações que podem ser atacadas, segundo Marcelo Lopes da Silva, pesquisador da Embrapa que participou do estudo. Ele ressalta, porém, que o número de pragas consideradas quarentenárias -com real possibilidade de entrar no país- é muito maior. 'O Brasil reconhece cerca de 600 pragas quarentenárias e não sabemos como combater a maioria delas. Precisamos de inteligência na defesa sanitária', afirma. A preocupação de cientistas e do governo se intensificou após os estragos que uma praga exótica (trazida do exterior) provocou às lavouras do cerrado. AMEAÇAS O maior fluxo de turistas no Brasil, por causa de eventos como a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos, a intensificação do comércio global e a abertura de novas rotas rodoviárias para países vizinhos também aumentam as chances de entrada de pragas, diz Evaldo Vilela, presidente da SBDA e professor da Universidade de Viçosa (MG). 'Identificamos 122 pragas só na região de fronteira que, se introduzidas, vão ameaçar a produção agrícola, aumentar os custos e o uso de defensivos, além de afetar a biodiversidade', afirma. Aumentar a vigilância na fronteira e nos aeroportos é uma das ações preventivas que precisam ser reforçadas, segundo os pesquisadores. 'A quantidade de fiscais não atende à necessidade do Brasil', diz Cosam Coutinho, diretor do departamento de sanidade vegetal do Ministério da Agricultura. Segundo ele, haverá concurso neste ano para o cargo. Há também ações de longo prazo. Identificadas as pragas que podem causar mais impactos à agricultura, a Embrapa se dedicará ao desenvolvimento, por meio de melhoramento genético, de sementes resistentes aos invasores, segundo Coutinho. Silva, da Embrapa, aponta ainda a necessidade de maior agilidade na aprovação de agrotóxicos para novas pragas. 'O sistema brasileiro é muito severo e demorado. É preciso ter estratégias especiais para emergências.' Para ser comercializado, um agrotóxico precisa ser aprovado pelo Ministério da Agricultura, que faz uma análise sobre a eficiência do produto no campo, pela Anvisa, que avalia os riscos para a saúde, e pelo Ibama (ambiente). Fonte: Folha de S. Paulo

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